Na década de 80, quando a classe média brasileira despertou para o fato de haver neve na América do Sul, todos os olhos se voltaram para San Carlos deBariloche e essa paixão continua firme. Conhecida também como 'Brasiloche' – um apelido nem sempre com conotação afetiva –, essa cidade nos Andes Patagônicos está a 1.500 quilômetros de Buenos Aires e é um dos destinos preferidos tanto entre os praticantes de esqui como entre aqueles que se satisfazem em usar o teleférico só para ver de perto os campos nevados.
Mas Bariloche não é somente um destino de inverno, pois há opções de passeios em todas as épiocas do ano, quando o local recebe seus visitantes com paisagens que assumem outros tons e conta com atividades ao ar livre como rafting no Rio Manso, caminhadas no Parque Nahuel Huapi e até kitesurfing no lago de mesmo nome. Curiosidade: acredita-se que foi nos bosques de arrayanes – um tipo de planta local – em torno da cidade que Walt Disney se inspirou para criar o personagem Bambi. Se tudo isso não bastasse, a hotelaria local é bem estruturada, seus restaurantes servem desde o indefectível fondue de queijo a deliciosas trutas pescadas na região. E, do alto do Cerro Campanario, você poderá experimentar um dos melhores chocolates quentes de sua vida.
Definitivamente, Bariloche é para todos e em qualquer época do ano.
QUANDO IR
Verão – ótimo para fazer belos passeios pelo Parque Nacional Nahuel Huapi e curtir a paisagem da travessia dos Lagos Andinos. Os preços de hotéis e restaurantes são atraentes e as temperaturas são amenas, mas podem chegar a quase 30 graus em certos dias. É também uma boa época para quem curte esportes náuticos como windsurfe, canoagem e kitesurfe, pesca e passeios a cavalo.
Outono – belas folhagens em tons vermelhos e amarelos, boa chance de ver um céu muito azul e os passeios continuam bárbaros. Começa a esfriar bem conforme a noite chega.
Junho – é o início da temporada, há boa chance de pegar uma nevasca e o preço dos pacotes são interessantes.
Julho – férias escolares no Brasil e na Argentina, crianças e adolescentes por todos os lados e preços nas alturas. Praticamente é o único mês disponível para quem viaja em família
Agosto – As montanhas estão com boa cobertura de neve e o perfil do turista muda para casais em viagem romântica e esquiadores experientes. Vários estabelecimentos já fazem promoções e as agências oferecem preços convidativos, inclusive para hotéis de luxo.
Setembro – Por esta época já não há mais voos diretos a partir do Brasil (todos agora têm que fazer conexão via Buenos Aires) e a neve começa a rarear nas pistas mais baixas. A qualidade da cobertura também não é das melhores, com pouca neve seca. No entanto, os preços despencam.
Primavera – A neve derretida, os campos queimados pelo congelamento e as árvores sem folhagem não deixam a paisagem tão bela, mas lá e cá flores dão o ar da graça. Muitos estabelecimentos já estão fechados.
COMO CHEGAR
Na alta temporada de esqui, algumas agências organizam voos charters diretos entre a cidade e algumas capitais brasileiras, notadamente São Paulo. Se optar por voos regulares, TAM, LAN e Aerolineas Argentinas são as alternativas. A maioria vai requerer uma escala em Buenos Aires, no Aeroparque Jorge Newberry. Neste caso a duração total da viagem é a partir de 6 horas. Note que como alguns voos fazem escala no Aeroporto de Ezeiza, demandando transfer rodoviário, as viagens passam a durar algumas horas a mais e muitos turistas optam por passar a noite (ou alguns dias na capital). De Buenos Aires são apenas duas horas de voo até o Aeropuerto Internacional Teniente Luis Candelaria, que fica a 15 quilômetros do Centro. Táxis, vans e aluguel de automóvel estão disponíveis para o traslado até o Centro da cidade.
De carro, a Ruta 3 leva de Buenos Aires até Bahía Blanca. De lá, pega-se a Ruta 22 até Neuquén e, em seguida, a Ruta 237, que leva a Bariloche. São cerca de 1.569 quilômetros de distância.
A partir do Chile, de cidades como Pucón, Villarrica, Puerto Varas e Puerto Montt, há duas opções. Uma das mais clássicas é a bela (mas bem cansativa) travessia dos Lagos Andinos, combinando transporte em ônibus ou vans e barcos. Leva quase o dia inteiro para fazer o trajeto, que conta com eventuais almoços no vilarejo chileno de Peulla e paradas para ver os Saltos do Rio Petrohué. A forma mais rápida é ziguezaguear pelos Andes numa van alugada. Note que esta não é uma alternativa muito recomendada durante o inverno, tanto pelas dificuldades para se dirigir, como pelo próprio fato das estradas poderem estar fechadas.
COMO CIRCULAR
Se ficar hospedado próximo ao Centro Cívico, você terá sempre próximos serviços básicos como agências de viagem, operadoras, farmácia, supermercado, bancos, lojas e restaurantes. Tudo a uma distância confortável para fazer tudo a pé. Para embarcar nos passeios como o Circuito Chico e a a Vila de Angostura, o transporte normalmente é oferecido pela operadora.
Do Centro até o Cerro Catedral são 19 km de distância, com micro-ônibus saindo a cada 30 minutos. Táxis, remis e vans particulares também fazem o transporte. Se for de carro, o estacionamento é gratuito.
Note que alguns hotéis, principalmente os maiores, oferecem o transporte até as pistas sem custo.
O QUE FAZER
O complexo de pistas de Cerro Catedral possui 120 km de percuros, espalhados por 1200 hectares e um desnível vertical de mais de mil metros. Há boa oferta para todo tipo de esquiador, sendo mais da metade para iniciantes e 25 para para avançados e experts. São 38 meios de elevação que podem transportar até 35 mil esquiadores por hora, que podem se alimentar em 19 quiosques. O serviço é completo: escola de esqui, aluguel de equipamentos, terrain park -- pista de obstáculos, kids club e atividades alternativas como esqui de fundo, caminhada na neve, snowmobile e tobogãs. Os teleféricos funcionam das 9 às 17 horas durante a temporada
Mas nem só de inverno vive Bariloche. Claro que a temporada de esqui – e todo o charme que a envolve, com lareiras, fondues e chocolates quentes – é a alta estação nesta parte da Patagônia argentina, mas há muito mais o que aproveitar. A travessia dos lagos andinos, desde o Chile, é um passeio encantador em qualquer época do ano, assim como explorar o lago Nahuel Huapi com catamarãs, caiaques e barcos.
ONDE FICAR
São inúmeras as opções de hospedagem na cidade. As opções mais simples são campings de verão e chalés coletivos em casas familiares para os jovens que querem aproveitar de forma barata a temporada de esqui e snowboard. Não espere luxos, boa calefação e privacidade neste caso. As opções mais comuns vão desde hotéis simples, mas com aquecimento e restaurante próprio, a estabelecimentos contando com todo o conforto e vistas deslumbrantes. Este é o caso do emblemático Hotel Llao Llao, fora do centro. Uma outra possibilidade são o aluguel de chalés, com toda estrutura para receber famílias ou grandes grupos.
Nos meses de primavera, outono e primavera, o mais comum é se hospedar no Centro, nas imediações do Centro Cívico, para servir de trampolim para as atividades junto ao Lago Nahuel Huapi. Além disso, boa parte dos estabelecimentos da área (restaurantes, bancos, lojas) ficam abertos durante todo o ano. Já durante a temporada de esqui a preferência de muitos turistas é ficar o mais próximo possível do Cerro Catedral e assim aproveitar melhor o dia, sem perder muito tempo com transporte. Note porém que a oferta de serviços é bem mais reduzida e a mobilidade menor.
O QUE COMER
Sim, aqui você não escapa da parrillada, da empanada, do vinho malbec e dos doces de leite. Todavia, se quiser algo mais com a cara de Bariloche -- e da Patagônia, há pequenas casas que servem trutas assadas, carne de cordeiro, pratos típicos alemães (um importante grupo de colonizadores da região) e o curanto, carnes especiais assadas dentro da terra, na Colonia Suiza.